Teus passos são duros, são fortes e bem marcados.

Posso adivinhar o timbre da tua voz, quando chegas.

Sei exatamente que não é fácil a tua vida

Você precisa pisar num chão firme.

Não existe amor no teu olhar.

Sinto que tens medo de ser surpreendido.

Precisas avisar que chegas…

Será mesmo necessário arrebentar com o silêncio?

 

Fecho os olhos e me pego a lembrar

do menino tímido que conheci.

Um jovem calado, carinhoso e atento.

Penso nas noites de um carnaval quente, ai pelos anos

da nossa juventude.

Ainda sinto o coração palpitar de amor.

 

Moço nem as recordações podem esquentar

este teu coração que borbulha de rancor.

O teu horizonte está coberto de tédio e malícias.

Saiba que a nostalgia dói…

Vivo num espigão de amarguras e lamentos.

Me nego a acreditar que buscas em outros lábios

o sabor fresco de um novo amor.

 

Me nego a acreditar que deixaste de me amar.

Não acredito. Sei que andas beijando rosas

e trazes para casa espinhos.

Como boa jardineira recebo e as coloco n’água fria.

Quem sabe um dia as rosas aqui também floresçam.

 

 

 

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