Ele cheirava a perfume barato, era

flor do campo, arruda, coco e lavanda.

Uma mistura esquisita que deixava as mulheres tontas.

O moreno esfregava a barba no rosto das moças,

beijava a ponta da orelha,

o pescoço todo, dizendo palavras carinhosas. 

O vaidoso seduzia as mulheres com os olhos,

assim tirava de mansinho o melhor sorriso.

O caboclo Astro era um Deus do amor.

Viviam elas sonhando por décadas com aquela

espécie de homem.

O caboclo chamegava com uma e depois com outra.

O vaidoso não amava a ninguém.

Considerado como o mais belo macho daquelas paragens,

passava o tempo todo alisando a barba negra e macia. 

 

O parceiro do candomblé, criado a margem do

Solimões, era o diabo de pistola na mão.

Caboclas dengosas, cheio de manhã e astúcia,

o dançarino emprestou a virilidade do cão.

Nem pensar contrariar o fogoso homem,

caboclo algum disputou mulher com ele,

metia bala o bem amado.

 

Um dia ele foi se chegando com aquele cheiro de

tontear, foi domando os desejos da gaúcha a custa

de carinho e paciência.

A mulher se entregou por inteira.

Viajaram Solimões adentro, em redes desgastadas

pelo tempo, foram atravessando os rios do Amazonas.

Vendo caboclos com galhadas na rodilha de pano e

outras vezes com tabuleiros

de peixe, banana frita, açaí e outras frutas da terra.

Cruzaram canoas oferecendo farinha d'água,

tucupi, tucunaré, pacu, pirarucu e doce de cupuaçu...

Ele na busca de madeiras.

 

Ó filha de uma égua trocava a mulher por qualquer

perna arqueada.

Dizia ele: Ó muezinha venha cá, mandava conversa mole.

Um olhar de peixe boi e a cabocla ajoelhava nos pés

do moreno barbado.

À noite o filho da unha se ajeitava na rede e mosquito

algum chegava perto.

O Rio Negro os embalava, a gaúcha dormia agarrada 

na brisa quente das madrugadas amazonenses.

Pobre mulher gaúcha o que foste fazer ali?

Que tempo aquele! Onde o piolho varia o ar.

Tinha ali a mistura do cheiro de barro e breu,

mais o cheiro do rio, selva, suor e

o perfume do homem barbado. 

A gaúcha cheirando a leite de rosas.

Visitou terras e rios, igapós e igarapés e conviveu

com ribeirinhos e caboclos,

viveu intensamente uma vida antes desconhecida,

até aqueles tempos.

O moreno de barba fechada nunca foi o seu sonho...

 

 

 

 

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